Brasil 2025, dizem que mudou pra melhor
Tecnologia na favela, celular de camelô
5G na laje, todo mundo conectado
Mas a fome não saiu do prato, segue do nosso lado
Prometeram progresso em tela de alta definição
Mas app nenhum mata a sede ou põe feijão no fogão
Na TV a hipnose era forte, hoje o algoritmo que dita
Do TikTok ao Instagram, a mentira é bonita
Influenciador ostentação vendendo vida perfeita
Carro emprestado na foto, mansão que nem é dele, pura treta
Cultura de aparência domina mente da molecada
Quer ser famosa da noite pro dia, moral distorcida e contaminada
Segue a dança das vaidades, filtro tapa cicatriz
Sorriso falso na selfie, enquanto chora por um triz
No feed, viagem, luxo - na verdade, só fachada
Curtida vicia tipo droga pesada, a alma segue maltratada
Refrão:
Enquanto você se prende na tela do celular
Eu sigo rimando as verdades pra te despertar
No meu bairro rolê mudou: não é mais bola na rua
É link de aposta no grupo, ilusão que atua
Jogo do tigrinho virou febre na quebrada
Moleque sonha ficar rico numa rodada
Pixa o dinheiro do aluguel achando que é atalho
Mas a casa sempre vence e deixa dívida no final
Influencer pilantra promete “fica milionário”
Mas quem lucra tá lá no topo, mafioso e empresário
Família endividada, geladeira vazia na cozinha
Enquanto o pai queima o auxílio no caça-níquel do tigrinho
Vício digital consome mente e dignidade
Cada clique no botão verde, adeus oportunidade
Golpe atrás de golpe, esperança jogada fora
E quem questiona é zoado, chamado de “da antiga” e fora de moda
Refrão:
Enquanto você se prende na tela do celular
Eu sigo rimando as verdades pra te despertar
RJ 2025, cenário de guerra velada
Narcoestado instalado, lei do fuzil declarada
Na timeline só praia e festa, cartão postal irreal
Mas nas vielas o medo é rotina, terror habitual
Milícia e tráfico dividem poder e território
Governador faz vista grossa, nesse conluio notório
Bala perdida acha criança a caminho da escola
Mãe chora no seco, justiça aqui não consola
Bope sobe o morro de fuzil e caveirão
Traficante responde à bala, civil no meio do foguetão
Político promete segurança, só papo furado
No fundo tão tudo envolvido, caô bem orquestrado
RJ sangrando, povo refém do fardo pesado
E a TV finge surpresa, mas lucra com o ibope inflamado
Refrão:
Enquanto você se prende na tela do celular
Eu sigo rimando as verdades pra te despertar
